Primeira exposição do artista fora da Coreia do Sul ficará no Centro Cultural Coreano no Brasil até final de junho
Nascido em 1994, em Busan, Suldurumi é formado em design gráfico e, depois de ter iniciado no mercado publicitário, encontrou inspiração para começar o projeto que hoje dá nome à sua identidade artística. O termo “Suldurumi” faz referência a um grande jarro tradicional próprio para o armazenamento de bebidas alcoólicas. Assim como o recipiente que guarda aquilo que alegra e aproxima as pessoas, o artista busca divertir aqueles que têm contato com seu trabalho.
Intitulada “Pintura Coreana: Carimbo e Design”, a exposição apresenta pinturas da arte tradicional coreana – chamada de minhwa (민화) – transpostas para a arte dos carimbos e do design. Além de belíssima e colorida, a exposição celebra elementos típicos coreanos e aproxima o público brasileiro da riqueza histórica e cultural do país. “É realmente incrível e como um sonho que meu trabalho seja visto e amado de um lugar tão distante como o Brasil, que está do outro lado do mundo”,
Questionado sobre como apresentar a cultura coreana de forma lúdica ao público brasileiro, especialmente em espaços como o Centro Cultural Coreano no Brasil, Suldurumi propôs o uso de carimbo para justamente tirar a arte da parede e levá-la para as mãos das pessoas. “A ideia é que as pessoas apreciem a minha arte e possam levá-la para casa e tê-la sempre consigo. Além disso, busco ampliar o repertório visual e artístico do público, o que pode aumentar a sua criatividade — algo essencial em tempos saturados de estímulos visuais”, contou Suldurumi ao Sarangbang em entrevista exclusiva feita durante a abertura da exposição, em março.
Leve, acessível e reprodutível, o carimbo rompe as fronteiras dos salões expositivos. Na Coreia, Suldurumi leva os seus carimbos para a rua, interagindo com o público diretamente no espaço urbano — uma ideia que ressoa com o espírito do grafite, outra forma de arte que o inspira, e que ele gostaria de explorar mais em lugares como o Beco do Batman, em São Paulo.

O processo criativo do artista é meticuloso: leva cerca de três dias para fazer o esqueleto do desenho e mais duas semanas para ajustar os detalhes até transformar a ideia em um produto final. A convivência com a diversidade brasileira também teve forte impacto. Impressionado com a liberdade estética — cabelos coloridos, roupas vibrantes, estilos variados — refletiu sobre como o cenário artístico coreano ainda limita a individualidade. Essa experiência o inspirou a buscar mais liberdade criativa daqui em diante.
Quando questionado sobre o seu livro coreano preferido, Suldurumi, um pouco tímido, menciona a clássica saga coreana de fantasia “눈물을 마시는 새”, de Lee Yeongdo, que ainda não temos acesso em português. Será que essa obra está vindo para cá?
E, falando em literatura, Suldurumi fez uma homenagem belíssima ao poeta da resistência Yun Dong-ju, que, segundo ele, “é a figura mais representativa da literatura coreana” e, por isto, merecia um destaque especial. Nós, aqui no Brasil, temos acesso a poemas de Dong-ju no livro Céu, vento, estrelas e poesia, traduzido por Yun Jung Im Park, e que ganhou episódio no nosso podcast (garanta já o seu exemplar aqui).
Ao final do encontro, deixou um pedido: “continuem de olho na minha arte”. Pois já estamos curiosíssimas para saber o que ele está planejando! Não deixe de seguir o @suldurumi no Instagram para acompanhar os seus próximos passos.
Serviço
Data: 16 de março a 29 de junho de 2025
Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 10h às 18h30; domingo, das 11h às 17h
Local: Centro Cultural Coreano no Brasil
Endereço: Avenida Paulista, 460. Térreo. Bela Vista, São Paulo/SP
Faixa etária: Livre
Entrada gratuita.